GPC fatura R$ 1,5 Bi após Recuperação Judicial liderada por Antonelli Advogados

Por Rafael Rosas — Do Rio
Fonte: Valor Econômico

A GPC Participações encerrou no mês passado o seu processo de
recuperação judicial, iniciado em 2013. Auxiliada pela ARM Gestão desde o
início do processo e pelos escritórios Antonelli Advogados e Moraes &
Savaget Advogados, a holding, que engloba empresas controladas pelo
Grupo Peixoto de Castro, vendeu ativos, manteve o foco nas operações
mais rentáveis e voltou às operações sem a proteção do Judiciário com os
mesmos controladores anteriores e com operações mais enxutas e
rentáveis.
A GPC Participações nasceu no fim dos anos 90 como uma holding que
agrega as empresas do Grupo Peixoto de Castro. A origem, em 1938, foi a
Apolo Tubos, que atua na produção de tubos de aço carbono para
construção civil, óleo e gás e outros setores. Já a GPC Química tem suas
raízes em 1954 e hoje produz formol e resinas termofixas principalmente
para o segmento de painéis de madeira.
Presidente da GPC Participações, da GPC Química e da Apolo Tubos, Rafael
Raphael lembra que em 2013, ano do pedido de recuperação, as
companhias tinham grande alavancagem e pouca geração de caixa
operacional. Segundo ele, foi necessária não só a recuperação judicial, mas
também o processo de reestruturação das operações. “Adotamos diversas
medidas no âmbito da recuperação, como intensas reduções de custos,
integração das unidades das empresas GPC para capturar sinergias e tornar
as empresas mais eficientes. Fizemos desinvestimentos em negócios que
não eram alinhados com o ‘core business’”, diz Raphael, lembrando que foi
paralisada uma unidade de produção de metanol, que era potencialmente
deficitária e que consumia investimentos.
Ao fim da recuperação judicial - o juízo da 7ª Vara Empresarial do Rio
decretou a saída da empresa do processo em 12 de novembro - a GPC
Participações se mostra mais enxuta e saneada. Se em 2013, ao pedir
recuperação, tinha créditos concursais, que não incluem as dívidas
tributárias por exemplo, de R$ 275 milhões, hoje tem dívida líquida total de
R$ 271 milhões. Para se ter uma ideia, em 2015, quando apresentou
preparou um novo plano de recuperação que seria aprovado no ano
seguinte, o endividamento líquido era de R$ 527 milhões, cerca de 20 vezes
o Ebitda. Hoje, a relação dívida líquida/Ebitda é de 2,1 vezes.
Amin Murad, sócio da ARM Gestão, destaca explica que o processo de
recuperação demorou muito em razão da grave crise econômica do país a
partir de 2014, somado à burocracia. Ele lembra que o primeiro plano,
gestado ainda em 2013, previa a venda de um terreno de 300 mil metros
quadrados em Benfica, na zona norte do Rio, às margens da Avenida Brasil.
Acontece que, para ser vendido, o terreno deveria ser desmembrado.
Esse processo levou dois anos na prefeitura do Rio. “Quando o terreno foi
desmembrado, enfrentamos um mercado absolutamente em depressão,
em 2015/2016. Como a empresa havia se recuperado nas operações e
havíamos descontinuado negócios que drenavam recursos, fizemos um
novo plano, pagando [os créditos aos credores] com o fluxo de caixa da
companhia. A venda dos terrenos passou a ser um evento de liquidez para
melhorar o atendimento aos credores. Hoje já vendemos dois terrenos”, diz
Murad.
Desde então, foram vendidos 70 mil metros quadrados do terreno em
Benfica, rendendo até o momento R$ 30 milhões, somados a um outro
terreno em Gravataí (RS) que rendeu cerca de R$ 13 milhões. Além disso, a
unidade de metanol foi negociada com uma empresa americana por US$
2,1 milhões.
Hoje, a GPC Participações tem duas unidades da GPC Química, uma em
Araucária (PR) e outra em Uberaba (MG), além de uma unidade da
Metanor/Copenor em Camaçari (BA). No setor de aço, são duas fábricas,
uma no Rio de Janeiro e outra em Lorena (SP). A empresa tem hoje
aproximadamente 800 funcionários.
“Hoje temos empresa que fatura R$ 1,5 bilhão [ao ano] e tem todos os
problemas de uma empresa normal. Não temos mais os problemas
anormais”, frisa Murad. “O projeto era viável e reestruturamos [a empresa]
para recuperar empresa e colocá-la numa trajetória de crescimento.”
Dos cerca de 500 credores existentes no início da recuperação, mais de 400
aceitaram se tornar sócios da empresa e, depois da conversão de créditos
de R$ 50 milhões em ações, possuem cerca de 6% das ações preferenciais.